A influenciadora Laura Sabino, de 25 anos, sofreu uma tentativa de feminicídio praticada pelo próprio irmão em Belo Horizonte (MG). O ataque ocorreu em 14 de março, uma sexta-feira, quando ela foi atingida por nove golpes de faca no abdômen, braços e ombros. O agressor ainda tentou queimá-la viva. A violência aconteceu apenas cinco dias após Laura obter uma medida protetiva contra o familiar com base na Lei Maria da Penha.

 

A estudante de História, que possui quase 1 milhão de seguidores nas redes sociais, estava no quarto quando ouviu um barulho na sala. Ao verificar pela fresta da porta, deparou-se com o início do ataque que durou aproximadamente 20 minutos, período em que ela alternava entre lutar fisicamente e desmaiar. Conforme apuração da Agência Pública, que teve acesso exclusivo aos detalhes do caso, a situação de violência já vinha se agravando há meses.

 

"Pensei que ia morrer. Sentia meu corpo ficando mais fraco. Esse episódio aconteceu em uns 20 minutos, mais ou menos, mas na minha cabeça foram duas horas", declarou Laura.

 

Documentos obtidos pela Agência Pública mostram que cinco boletins de ocorrência registrados anteriormente e a inclusão de Laura no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos não impediram o ataque. A tentativa de feminicídio ocorreu dois dias após um influenciador de direita publicar informações falsas sobre Sabino, associando-a a drogas e acusando-a de maltratar funcionários de um prédio na Zona Sul de Belo Horizonte, local onde nunca residiu.

 

Durante o ataque, o irmão fez referências à notícia falsa. "Ele disse que eu era um personagem da internet, que defendo patifarias", afirmou a influenciadora.

 

Laura Sabino produz conteúdo político desde 2019 e tornou-se uma das vozes mais conhecidas da esquerda brasileira na internet. Ela ganhou notoriedade quando vários de seus posts "furaram a bolha" e alcançaram públicos diversos, como ao rebater argumentos do deputado Nikolas Ferreira sobre o escândalo do INSS.

 

Em áudios e mensagens, o irmão de Laura a chamava de "vagabunda" e utilizava outras palavras de baixo calão. "Você paga simpatia para todo mundo, para essas bichas, essas pessoas aí. Você desde pequena sabe que eu não colo com esse povo, com essas patifarias, e vem me abraçar", disse ele em um dos áudios. "Você é uma 'vagabunda' que nem minha mãe falou". Em outra mensagem ameaçadora, escreveu: "Mas alguém podia tanto te matar, vei. Na moral. 'Vagabunda".

 

A Defensoria Pública de Minas Gerais informou que ainda não houve designação de um defensor para o caso. Não há informações sobre o atual paradeiro do irmão de Laura ou sobre o andamento do processo judicial contra ele.

 

 

Fonte: Otempo.com